Moradores do bairro Tributo fazem manifestação pacífica nas ruas
Último encontro
Ilza Madalena Silva Camargo, mãe de Eduardo, lembra que na sexta-feira (07) à noite, o filho chegou do trabalho às 19 horas, ajudou a arrumar a cama da avó e saiu para encontrar amigos.
O rapaz trabalhava numa madeireira havia oito meses. Instantes depois, Ilza foi chamada por moradores para socorrer o filho que estava caído na rua Antônio Ribeiro de Lima, no Tributo. “Segurei a mão dele, ele deu uma leve segurada e fechou os olhos”, diz a mãe.
As marcas de sangue na rua confirmam o trajeto que Eduardo fez pedindo por socorro à família. Ele estava em frente ao supermercado do bairro e um ex-amigo, de 16 anos, o atingiu pelas costas com duas facadas. Com os golpes, Eduardo se virou e levou a terceira facada no coração. Depois, caminhou e parou de um lado da rua, atravessou e não resistiu aos ferimentos e caiu. O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 20h10min, tentou reanimar a vítima sem sucesso. Ele morreu na emergência do Hospital Nossa Senhora dos Prazeres.
O pai do adolescente que matou entregou à PM a camiseta do filho com manchas de sangue, e afirmou que o filho esfaqueou Eduardo e fugiu. Ilza relata que o adolescente devia para um sobrinho e Eduardo havia comentado algo sobre o ex-amigo. Ela acredita que, por ter dívidas, o adolescente tenha descontado em Eduardo. Ilza comenta ainda que o adolescente ameaçava os moradores com faca e revólver.
Justiça
A família de Ilza pede justiça após o segundo homicídio na família. Em janeiro de 2012, o irmão dela, Paulo Edson da Silva, foi cruelmente assassinado. Mataram e o queimaram dentro da residência, ao lado da casa de Ilza. Um Boletim de Ocorrência foi registrado, porém Ilza comenta que como é irmã da vítima não serviu como testemunha.
Vítima e assassino eram amigos de infância
Um jovem tranquilo, educado, trabalhador, apaixonado por laçadas, cavalos e dedicado à família. É assim que amigos e parentes definem Eduardo Camargo.
Ilza, mãe de Eduardo, comenta que os dois eram amigos havia mais de dez anos. Com pouca diferença de idade, eles se davam bem e um frequentava a casa do outro. Além disso, eram amigos de ir para a escola juntos.
Ambos compartilhavam da mesma paixão: laçadas, rodeios e cavalos. Amigos contam que nunca suspeitavam que algo assim pudesse acontecer entre os dois.
Não é a primeira
Porém, há três anos, os amigos brincavam em um açude do pai do adolescente.
“Uma pequena confusão fez com que Eduardo corresse. O pai do amigo de Eduardo viu a cena e dirigiu a camionete para cima do meu filho. Ele quebrou um braço e teve um corte na cabeça. Eu registrei Boletim de Ocorrência. Porém foi no nome do filho, ninguém teve um julgamento, ou sequer o processo teve andamento. Como sempre, ficou guardado”, lembra Ilza.
Passeata pacífica após assassinato
O pedido de socorro de Ilza Camargo se estendeu para as ruas do bairro Tributo. Ela convocou a família, amigos e vizinhos para uma passeata na tarde deste domingo (09).
Depois de ter enterrado o irmão e o filho, vítimas de homicídios, Ilza grita por justiça e diz que não vai descansar enquanto não ver os assassinos de seu irmão e do filho na cadeia.
Aproximadamente 100 pessoas participaram da passeata, e todas clamaram por justiça e que o assassino seja preso. O pai de Eduardo, Acir José Camargo, puxou o cavalo que o filho cuidava com carinho. Era o companheiro das laçadas. Acir não teve forças para gritar. Ficou quieto na maior parte do tempo.
Texto: Correio Lageano - Andressa Ramos
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