Lages Business Park: Município apresenta projeto que deverá preparar futuro econômico para os próximos 20 anos
Nos meses recentes Lages tem estado sob os holofotes perante os demais municípios de Santa Catarina. Uma avalanche de boas notícias tomou conta da cidade, elevando a autoestima de sua população e uma delas foi anunciada na noite desta segunda-feira (29).
O condomínio multisetorial com predominância industrial denominado Lages Business Park foi apresentado pelo prefeito Elizeu Mattos e pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda, Juliano Chiodelli, a lideranças políticas, de entidades e empresariais, na Associação Empresarial de Lages (Acil).
O amplo condomínio empresarial será instalado no terreno anteriormente destinado à empresa Sinotruk, no distrito de Índios, com reversão ao Município. A área territorial é de 1.509.027,81 metros quadrados.
Um novo conceito elaborado a dezenas de mãos que poderá transformar a realidade não somente de Lages, mas de toda a Serra, com planejamento para os próximos 20 anos. Consistirá em uma área com 312 lotes (média de três metros quadrados cada um), variando conforme a necessidade. Serão três fases de implantação, com escolhas realizadas através de um edital de chamada pública (licitação) para o devido cumprimento dos critérios legais e regras pré-estabelecidas, e posterior contemplação das empresas habilitadas.
Essa burocracia deverá ser vencida dentro de 60 a 90 dias. Transcorridas licitação e contratação, a empresa, grupo ou consórcio terá entre quatro e seis meses para apresentar o projeto executivo ao Município, em que uma comissão nomeada analisará o projeto de implantação. Após sua aprovação, as obras de implantação deverão começar na primeira metade de 2017. Os trâmites de chamada pública, licitação e contratação serão realizados ainda este ano. “O Município tem pressa. Lages não pode desacelerar”, resume o prefeito Elizeu.
O presidente da Acil, Sadi Montemezzo, destaca que está se falando de um empreendimento ousado, arrojado e inovador. “A Acil é parceria de todo bom projeto e sabe-se que temos de estar juntos do poder público para alcançar grandes objetivos. Com esse novo parque empresarial, Lages com certeza terá outro rumo, um horizonte ainda mais promissor”, avalia. O vice-prefeito Toni Duarte compareceu ao evento. “Uma administração pública precisa pensar em todos os segmentos, da limpeza da cidade à tecnologia de ponta. E é isso o que estamos fazendo”, pontua.
Mais de 300 empreendimentos e seis mil empregos
O condomínio, apresentado em um vídeo de perspectiva eletrônica, terá capacidade de suportar mais de 300 empresas de segmentos diversificados nos próximos anos, com áreas de tamanhos regulares e outras comuns de auditórios, reuniões, encontros, palestras, treinamentos, refeitórios e lazer para gestores e operários. Toda área será cercada e com iluminação pública. Os investimentos privados devem ser de R$ 30 milhões a R$ 50 milhões.
O modelo será um dos mais modernos do país, uma referência a ser reproduzida em outras cidades brasileiras. “Temos um projeto consistente, bonito e decente, com grupos fortes interessados. Nossa meta é assinar o contrato com as empresas entre 60 e 90 dias. Não haverá aporte financeiro do poder público, pois toda infraestrutura será custeada pela iniciativa privada, como pavimentação, ligações de água e saneamento, fibra ótica e urbanização, bem como terraplanagem. A atitude gera economia para poderes públicos de diferentes esferas”, complementa o prefeito.
Ele enfatiza: “A nossa vontade é que no aniversário dos 250 anos do município possamos assinar o contrato com um grande grupo como um presente para Lages, ocasionando a geração de cinco mil a seis mil empregos, quem sabe até dez mil, contados os indiretos”, assegura. Haverá duas mil vagas de estacionamento internas, além das frontais, canteiros, ciclofaixas, cinturão verde, heliponto, espaços para balanças de pesagem para caminhões, postos de combustível e oficinas, e 232 mil metros quadrados de Áreas de Preservação Permanente (APPs).
Economia aos cofres públicos
O mais relevante desse projeto, segundo o prefeito Elizeu Mattos, é que essa atitude não se trata da venda de uma ilusão, mas compreende um sonho palpável, bem como se mostra como uma ação consciente de gestão pública, com gasto praticamente zero do Município. “Corremos atrás para tornar esse desejo uma realidade. Procuramos grupos empresariais que apresentassem intenção no projeto e, para nossa satisfação, temos hoje dois grupos europeus com interesse em participar”, pontua o chefe do Executivo.
Funcionamento
A empresa ou grupo empresarial administrador do condomínio fará investimentos próprios. O Município ficará com 25% a 30% da área industrial urbanizada. Calcula-se que em torno de 90 lotes ficarão com a prefeitura para doação a empresas locais, em processo de instalação ou expansão, estendendo a mão para quem é de Lages ou nela vive. Em contrapartida, o investidor terá o compromisso de angariar empreendimentos em todo o país para o município.
As empresas do Lages Business Park serão beneficiadas com a isenção, pelo tempo de até dez anos, de impostos municipais, para as novas empresas a serem instaladas e as em processo de ampliação de sua capacidade produtiva, segundo o secretário da Fazenda, Mateus Lunardi. No entanto, estas empresas contribuirão para o Fundo Municipal de Desenvolvimento, permitindo ao Município, ao longo do tempo, criar novos parques industriais e incubadoras de negócios. Junto ao governo do Estado será articulado um compromisso para que esse espaço seja de redução ou postergação de impostos estaduais através de leis já existentes, viabilizando grandes negócios.
Isso permitirá que Lages cresça de maneira mais acelerada, com geração de renda e emprego. “Acreditamos que Lages continuará crescendo vertiginosamente nos próximos anos, com todos os requisitos que possui, como localização geográfica; crescimento de 3,4% em 2015, o maior entre os grandes municípios do Estado; R$ 400 milhões de investimentos em andamento em 25 empreendimentos, e proximidade do aeroporto federal com o condomínio. Temos todos os fatores facilitadores para que Lages seja um dos maiores polos de Santa Catarina”, acentua o secretário de Desenvolvimento Econômico, Juliano Chiodelli.
Um caminho de sete meses
O prazo para o começo da construção da Sinotruk expirou em 14 de agosto, tornando maior a missão do Município: providenciar imediatamente um novo rumo para esse impasse. Embora a atual administração municipal manifestasse a opinião da viabilidade do projeto Sinotruk para Lages, confiando no esforço e no trabalho da SC-Par, estava ciente de que se não houvesse a concretização do projeto, a cobrança viria por parte da sociedade, pois o futuro de Lages passa por essa questão. Assim, iniciou um trabalho discreto, em busca de parceiros e investidores interessados, com o intuito de desburocratizar o processo em relação ao poder público, uma vez que não há recursos públicos para bancar um projeto milionário dessa magnitude.
O projeto estava sendo trabalhado há sete meses pelo escritório de arquitetura Schneider Martins, de Florianópolis, acionado pela Secretaria de Planejamento (Seplan), através do responsável Jorge Raineski. Especificamente, o projeto foi elaborado pelo arquiteto Felipe Schneider, mediante assinatura de um Termo de Cooperação, pois a empresa doou o projeto ao Município, uma economia de R$ 500 mil. Um Plano Diretor foi elaborado exclusivamente para a área do condomínio, sendo que antigamente era naquele espaço que se concentrava o polo industrial de Lages. Segundo Raineski, está-se resgatando a história do local e novos loteamentos residenciais deverão surgir por conta da implantação do condomínio.
Um Plano de ocupação foi feito tanto para o espaço quanto para seu entorno. Índios está dentro do perímetro urbano. “Um parque tem de agregar funções. Será um complexo para as empresas fazerem conexões. A equipe de Lages está coesa e motivada, um clima de progresso surpreendente”, adianta Schneider. Condomínios serviram de referência para Lages, como o Perini Business Park, em Joinville, responsável por 20% do Produto Interno Bruto (PIB) daquele município. “Lages está no segundo Estado mais industrializado do Brasil e estrategicamente localizado. Não há dúvidas de que não poderia ficar fora de um grande projeto”, comemora o arquiteto.
Como tudo começou
A ideia de implantar uma megaestrutura industrial partiu durante o seminário apresentado pelos secretários municipais no fim de janeiro deste ano, quando foi colocada pelo prefeito Elizeu Mattos como um dos assuntos primordiais para 2016. Este, um grande sonho das classes pública municipal e empresarial, passou a ser motivo de estudos de locais em franco desenvolvimento e acima da média, para se obter uma base de exemplo. Chegou-se, portanto, ao município de Aparecida de Goiânia (GO), que em nove anos triplicou os seus índices de PIB, onde o crescimento se deu em virtude da implantação de áreas industriais, fomentando o poder econômico e a qualificação da mão de obra naquela região.
Em Aparecida de Goiânia surgiram cinco grandes áreas, uma delas é o All Park Polo Empresarial, em que o Município não foi o protagonista, mas apoiador, viabilizando investimentos privados na cidade, atribuindo-lhes suporte, incentivos fiscais e liberações. Em Lages ocorreu o contrário. Baseado nessa premissa foi dado o pontapé inicial no desenho compatível à realidade e possibilidade de Lages. “Estudamos uma forma de resolver um problema antigo com uma solução moderna. Estamos na contramão da visão paternalista de que os gastos têm de ser arcados pelo poder público unicamente. Esta será uma parceria com a iniciativa privada que irá desburocratizar os trâmites. O Município será o agente protagonista e a iniciativa privada, a grande aliada”, ressalta Juliano Chiodelli.
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